quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Chegada da Primavera no Cândido Ferreira

A próxima quinta-feira (23/09) é um dia de festa para os usuários do Serviço Residencial Terapêutico do Serviço de Saúde Dr. Cândido Ferreira. Todos os anos os pacientes costumam comemorar a chegada da Primavera e este ano não é diferente. O já tradicional Baile da Primavera das Moradias acontece a partir das 13h desta quinta-feira no salão paroquial Padre José Gaspar e promete animar mais de 100 pessoas. O evento é gratuito e aberto a todos.

O Serviço Residencial Terapêutico é um dispositivo que substitui as longas internações psiquiátricas. Hoje, conta com uma equipe de 139 funcionários, que trabalha em 29 moradias, atendendo um público de 165 usuários, a maioria antigos moradores de hospitais psiquiátricos da região de Campinas.

O projeto de residências terapêuticas do Cândido Ferreira é uma das primeiras iniciativas deste tipo no Brasil. Em 1991, foi inaugurada sua primeira moradia. Em 1999, já havia 65 moradores. Em abril de 2001, a lei 10.216, regulamentou o processo de Reforma Psiquiátrica no país, reconhecendo os Serviços Residenciais Terapêuticos entre os mecanismos substitutivos, juntamente com os Centros de Atenção Psicosocial (Caps) e programas como o Volta pra Casa, que prevê o pagamento de uma ajuda de custo para os egressos de hospitais psiquiátricos. Neste período, o Cândido chegou ao número de 24 moradias.

Hoje o Serviço Residencial Terapêutico atende não somente egressos de hospitais psiquiátricos, mas também uma outra população que sofre com transtornos mentais graves, muitos jovens, sem nenhuma rede de articulação e sustentação.

Segue o serviço do evento. Para mais informações, entre em contato com a assessoria de comunicação: (19) 3758-8615, José Siqueira (19) 7815-2906, Régis Moreira (19) 7813-3276 e Carla Barreira (19) 7802-3487.


Baile da Primavera das Moradias
23 de setembro das 13h às 17h.
No salão paroquial Padre José Gaspar
(Av. Abolição, 3050 - Bairro: Vila Cura D'ars, Campinas - SP)
Entrada franca.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

IX COPA DA INCLUSÃO

No dia 21 de agosto foi dada a largada para a IX Copa da Inclusão no SESC Itaquera. A duração é de seis sábados, sendo que o último será no dia 2 de outubro. Durante esses dias, o Vozes da Voz esteve e estará presente fazendo a cobertura. Além dos jogos que compõe o torneio, registramos a exposição de trabalhos integrantes da Rede de Saúde Mental e Ecosol, Tai-Chi-Chuan, Mosaico, Capoeira, Psicodrama, Dança Circular, Dança, Salsa & Country e muita animação dos participantes!

Para quem não foi, ainda dá tempo! No próximo dia 21/10, sábado, os jogos seguem acompanhados da Oficina de Reciclagem do CAPS ad São Mateus, música e artesanato do CAPS ad Itaquera. E no encerramente, dia 2 de outubro, as semi finais, a final, desfile da Dasdoida e muito mais!!

Em breve soltaremos vídeos do evento e a cobertura completa estará disponível também pela ONG Sã Consciência.

Para mais informações sobre a Copa:

http://ongsaconsciencia.webnode.com.br/news/copa%20da%20inclus%C3%A3o%202010/

Aguardamos vocês por lá!

domingo, 19 de setembro de 2010

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

domingo, 12 de setembro de 2010

Saúde-doença

Por Rose Prota

Ao colocarmos em análise o processo saúde-doença no mundo capitalista, veremos que vários são os seus determinantes, e que muitos destes foram sendo abandonados ou incorporados ao longo da história como causas de enfermidades.

Inicialmente, criou-se a teoria de que as doenças eram causadas por um único fator, então percebeu-se que mesmo isolando-se este fator a doença não era totalmente combatida, passou-se então à hipótese multicausal (tripé bio-psico-social), surge então a epidemiologia social.

Hoje em dia admite-se que há grande peso da conjuntura econômico-social na determinação do processo de saúde-doença e do sistema de saúde, isto é, pessoas de classes sócio-econômicas diferentes podem ser acometidas pela mesma doença, mas sua acessibilidade ao tratamento e a própria leitura dos profissionais da saúde sobre quais sejam as necessidades reais de cada uma destas duas pessoas pode divergir fortemente, e isto não está apenas relacionado ao diagnóstico, mas pode estar contaminado também pelo grau de conhecimento e pelo modo como cada paciente relaciona-se com a equipe de saúde que o está atendendo, o que não descarta inclusive uma relação de poderes.

A complexidade de interações humanas que permeia o processo saúde-doença é um dos pontos que nos leva a problematizar a questão do arbítrio de cada um em relação a sua própria saúde ou doença. Até que ponto temos de fato tal arbítrio?

Moura Fé, psiquiatra e ex-presidente do CFM, afirma que:

“A medicina centrada no princípio da beneficência está com os dias contados. A tradicional postura de passividade em que os pacientes não vêem motivos para quaisquer preocupações, convencidos de que o médico, como detentor do conhecimento, sabe o que é melhor para eles e se empenhará a fundo para proporcioná-lo vai cedendo lugar a uma atitude mais ativa, em que os pacientes reivindicam o direito de saber e de participar das decisões acerca dos procedimentos médicos a serem adotados. A assimetria característica da relação médico-paciente tende a ser reduzida com a ampliação das informações sobre assuntos de saúde.”

Oras, se a “passividade” vem sendo substituída por maior autonomia e, se uma das ferramentas para esta mudança é o acesso à informação (que a internet vem proporcionando de forma revolucionária), permanece a questão: até onde vai o arbítrio de cada um no gerenciamento de seu próprio processo saúde-doença?

Tentemos refletir sobre esta questão com a ajuda de Gottschall, que pontua sobre um conceito conhecido no mundo científico como trindade bioética:

“A chamada trindade bioética assenta-se no tripé: autonomia (paciente, informe consentido), beneficência (médico, melhor resultado com menor risco) e justiça (sociedade, distribuição eqüitativa para iguais), o que exige constantes critérios de decisão... A autonomia do paciente não privilegia tanto o papel do médico nas decisões mas o torna parceiro do paciente no tratamento: não mais uma relação de sujeito e objeto mas de associação entre sujeitos autônomos, baseada numa sólida relação médico-paciente, mais horizontal e menos vertical.”

O conceito de autonomia é proposto aqui no sentido de emancipação, capacidade de avaliação e de tomada de decisão, de ação. O processo democrático constitui bom lócus para o fortalecimento das decisões autônomas das pessoas no campo da saúde. Paradoxalmente, cabe salientar que a autonomia é sempre relativa. Aspectos os mais variados condicionam a autonomia do indivíduo e, por conseguinte, suas ações. O direito ao acesso à informação é grande aliado de práticas autônomas, lembrando que tais práticas sempre continuarão a ser relativas a algo, sendo, portanto, práticas de campo, ou seja, que ocorrem em um dado contexto econômico-social, tendo também atuando sobre si aspectos biológicos e psíquicos.

Bibliografia:
Breilh Jaime. Epidemiologia: Economía, medicina y Política Breilh. México D.F.: Fontamara, 1988